quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Um cachorro e sua família

Ao som de Pat Metheny (First Circle) e ao cair da tarde, num clima chuvoso, mas ainda com grande atividade dos pedreiros próximos e outros trabalhadores.
A música me anima. Certas músicas me animam muito e essa que ouço agora (Praise) é certamente uma delas.
Mas, nem tudo é animação. Hoje, quase agora, morreu uma de nossas cadelas, a Poddle, cujo nome era Tammy. Foram quase 14 anos, ou mais, de convívio.
Um convívio, na maioria das vezes, calmo, prazeiroso, amigo e leal, claro. Ela era uma cadela com inteligência acima da média dos cachorros que eu tive o prazer de conviver.
Aprendia as coisas com facilidade, era dócil e quase nem latia. 
Em compensação essa outra que aqui ficou, uma Dashhound ou Teckel (uma Cofap), late pelas duas ou mais. Mais essa é outra estória.
Hoje, a história é toda da Tammy, sua leveza e sua doçura. Todos gostavam dela aqui em casa. Bom, talvez a Teckel, nem tanto, apenas aceitava.


Mas a Tammy era a favorita da maioria da família. Minha propriamente não era, mas gostava dela, o que era muito fácil. Seu jeito dócil, talvez tenha sido estruturado e definido também pelo fato dela ter tido duas cadelas Teckel em seu convívio, o que a deixou como cachorro seguidor e não lider. 
As Teckel sempre assumiram o papel de cachorro Alfa e lá estava ela relegada ao segundo plano. Seus primeiros latidos eram sempre abafados logo em seguida, suas idas e vindas pela casa eram como que "vigiadas" e analisadas.
Mas ela sempre se adaptou com maestria a esse papel, o que mostra sua inteligência.


Acompanhou meus filhos da adolescência em diante, teve uma convivência bastante próxima e afetiva, principalmente com minha filha Maíra e minha companheira de vida Eneida. Elas devem sentir mais essa perda.
As perdas só existem porque nos acostumamos a achar que as coisas são nossas ou que devem durar para sempre, principalmente aquelas que nos dão prazer, carinho, nos fazem companhia, nos dão amor incondicional e não nos pedem nada em troca.
A perda é uma das lições mais duras dessa vida neste planeta onde reina a lei da Gravidade e a da Inércia.


Temos muita dificuldade em aceitar certas perdas e sofremos por quase todas. É normal, dizem. Mas a paz de espírito também é normal e poderíamos acessa-la quando quizéssemos.
De qualquer forma temos muito a aprender antes de chegarmos à maestria, à nossa divindade interior, à nossa Luz maior. Acredito numa vida de amor, de carinho, de diálogo, de amizade e de paz.
Acredito que tudo isso nos leva adiante, para cima e para dentro de nós mesmos. Acredito no relacionamento humano e no diálogo, no respeito, no amor, na tolerância e na aceitação para mante-lo e aprofunda-lo.


O cachorro nos dá tudo isso e mais, sem nada pedir em troca. A não ser talvez comida, nossa companhia (de vez em quando) e um teto.
A Tammy foi assim e assim se foi. Desta para a melhor. Hoje, quase agora, eu a enterrei no nosso quintal. Foi a terceira.
Voltou para a terra e para o universo. Na hora em que fechava a cova com as primeiras pás de terra, veio até mim um querido sentimento ao qual me agarrei e vivenciei. Um sentimento de despedida e de entrega.
De entrega ao Universo daquele pequeno ser que durante alguns poucos anos alegrou tanto os corações dessas pessoas.


Obrigado Deus por esse relacionamento e por pode-lo encerrar apropriadamente.


Ela se foi, mas o Pat Metheny e nossos corações continuam buscando alegrias, paz e amor.


Beijos e paz profunda a todos.