quarta-feira, 18 de maio de 2011

A vida é bela!

Nesta manhã fria de maio, ao som de Schubert e de suas Sinfonias Inacabada (a número 8) e Grande (a número 9) recomeço depois de algum tempo. 
A sinfonia é inacabada, mas de tão bonita, ficou no catálogo do Schubert. Ainda bem, porque a música é bela e profunda. Tem uma intensidade que pode ser apreciada pelos mais sensíveis.




E por falar em sensibilidade e intensidade, gostaria de falar um pouco hoje sobre uma das experiências mais marcante, transformadora e formadora do caráter.
É uma daquelas em que o indivíduo se volta para dentro de sí de forma inevitável e onde revê alguns de seus mais sagrados conceitos de vida e de atitude. 
E, por conta de sua intensidade, é capaz de fazer com que o indivíduo perca completamente a consciência de sí mesmo, durante alguns segundos. Por isso mesmo, é uma experiência muito forte e importante na busca do ser por sua essência Maior, e na revisão de seus valores mais básicos.
Toda vez que perdemos o contato com nosso Ego, ou seja, perdemos a consciência de nós mesmos, por alguns segundos que sejam, diz-se (Muita gente boa, muito boa!) que entramos na nossa Essência maior, de onde não deveríamos ter saído.
Esses eventos transformadores devem ocorrer com frequencia em nossas vidas, mas como aprendemos a ser desatentos, não os percebemos. Assim, eles vão se tornando cada vez mais intensos, para que nós, surdos, cegos e arrogantes, possamos ou queiramos experimentá-los.


Chega de suspense. Neste caso, estou falando da experiência da dor, física ou emocional. Mas, calma aí, não estou falando de qualquer dor, dessas que a gente tem quase toda a semana, seja na cabeça ou em qualquer parte do corpo e que você se refere a ela como um incômodo. 
Me refiro àquela dor que, com sorte ou a ajuda do Cosmos, nos ataca poucas vezes na vida.
Aquela que quando acontece, faz com que você chore como uma criança e se dobre rapidamente como um canivete e caia no chão, sem chance de ajuda alguma naqueles instantes. Que, em alguns casos, é tão intensa que você dismaia, por que o organismo entende que dessa forma preserva melhor sua sanidade e segurança física.
Quando você não se lembra de nada, nem de sí mesmo, apenas foca na dor e no seu tempo de duração.
Aquela que, quando vem o alívio, você sente uma das sensações mais maravilhosas que esta existência pode te proporcionar. Esta passágem do sofrimento intenso para a sensação sem dor alguma, é também muito marcante. 


Essa é uma daquelas sensações em que nos sentimos muito humildes durante e logo depois, em que o EGO desaparece e leva alguns segundos para voltar.
Por isso mesmo, pode ser transformadora e espiritual. Infelizmente, nesse nosso mundo onde impera a força da Gravidade e da Inércia, o Sofrimento é um dos nossos maiores Mestres.
E veja que é bom que aprendamos com ele o mais cedo possível, porque ele é um Mestre muito zeloso, persistente e incansável.
Está sempre tentando mais um pouco enquanto não aprendemos alguma lição, sempre com uma forma diferente, mais intensa ou mais difícil.
Não há como nos desviarmos dele, a não ser tentando aprender sua lição, nos transformando interiormente. E, neste caso, não adianta colar, tentar enganar, buscar o caminho mais fácil. Aqui ele não existe.
Apenas quando tivermos aprendido e apreendido completamente a lição que a vida nos quer passar é que vamos minimizar nosso sofrimento.


Como foi dito, a dor pode ser emocional também e nesses casos, talvez a lição seja mais difícil de ser aprendida, ou assimilada. Não há muito o que fazer de concreto neste caso, pois não há remédios nem fisioterapia que dê um jeito na dor emocional. Os únicos aliados são o tempo e a reflexão interior, a meditação. A transformação, neste caso (segundo os maiores Sábios da Humanidade), passa por lições simples, básicas e difíceis: aceitação da dinâmica realidade, o desapego das coisas (físicas e abstratas) e pessoas e o reconhecimento de que tudo na vida, passa, gasta, quebra, envelhece e morre. 
Assim é provável que, na maioria das vezes, nossas maiores dores sejam mais emocionais do que físicas, o que talvez seja um alívio por um lado. Ou não!
Outra vez o trabalho é nosso, o de aprender, assimilar e se transformar. Novamente, para que isto ocorra, a reflexão interior com atenção, disciplina e persistência é o caminho mais valioso. De fato, não conheço outro. E daí, sou apenas eu! O que é que eu sei a respeito!?


Tenho passado por essa experiência há já alguns meses, por isso escrevo essas linhas. Não que a dor intensa ocorra sempre e há meses, mas em algumas ocasiões, quando sou pego de surpreza por algum evento fortuito, faço um movimento rápido com o ombro e aí, pimba, ela vem e tudo acontece conforme descrito acima. 
Sei que com o tempo e as medidas e orintações médicas, ela vai passar, mas sei que estou aprendendo uma lição, que tem muito a ver com a minha Arrogância e Prepotência de achar que já sei isso e mais aquilo e não procurar ajuda (inércia) na hora mais adequada.
Já refleti bastante a respeito e pretendo meditar ainda mais para assimilar bem a minha experiência. 
Por que preciso passar para uma outra lição rapidinho. Essa já deu!! Humildemente...!


Como diz o Poeta Nelson N., "....mas tudo passa, tudo passará!!..."


Amigos, a vida é bela, principalmente para quem já bateu com o nariz na porta, ou deu uma martelada no dedo!!


Abraços fraternos e mais os votos de paz profunda no coração de todos.